quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A AGONIA DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO.

   
 
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                 Até algum tempo atrás aprender a ler e escrever era uma atividade corriqueira. A criança ia para a escola, era alfabetizada e o mundo se descortinava ante seus olhos. Com orgulho afirmava - "já sei ler"- e devorava quantos livros conseguisse alcançar na estante dos pais.
                Aprendia-se a ler e a escrever ao mesmo tempo porque uma coisa era intimamente ligada à outra. Eram usadas cartilhas simples e pelo que sei ninguém ficava traumatizado. Havia o salutar hábito diário do ditado, da cópia e da caligrafia. Interpretação de textos e redação eram coisas do dia a dia, tão normais que ninguém temia.
           
                Escreviam-se cartas e também diários, eram os meios de comunicação utilizados para falar com os outros e consigo mesmo.  Com certeza eram eficientes já que não havia à época da fábrica de cursinhos que hoje grassa no País. Tinha-se imenso prazer em escrever, colocar em uma folha de papel os sentimentos que permeavam a alma e deixá-los gravados para a posteridade.
           
               Os livros eram de suma importância  na educação, sem eles se tornava impossível galgar os degraus do conhecimento e aprimoramento intelectual. Clássicos como Machado de Assis ou Ruy Barbosa eram leitura obrigatória de qualquer estudante secundarista.  A leitura era uma atividade rotineira e a imaginação constantemente requisitada se tornava mais e mais aguçada o que se refletia nas criações literárias.
             
               Os moradores dos grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outros, além de bibliotecas tinham como  vantagem a facilidade de adquirir maior variedade de bons livros. Lá estavam instaladas as boas livrarias, onde os próprios donos se desdobravam para manter o estoque atualizado. Já aqui no Centro-Oeste não raro tínhamos de recorrer às compras via reembolso postal ou através de vendedores de livros em domicílio das tradicionais Enciclopédias Delta Larousse ou Barsa.
           
               As provas eram sempre dissertativas, o momento certo de mostrar o quanto havíamos aprendido e também de defendermos nossos pontos de vista. Desenvolvia-se a argumentação, o que só é possível quando se adquire o hábito de raciocinar.
           
               Não havia movimentos organizados contra as provas da OAB, o bacharelando saía da faculdade e fazia a prova, quem não passava na escrita tinha uma segunda chance fazendo a prova oral. Simples assim. O que cada um almejava era adquirir uma grande quantidade de conhecimentos e se tornar um profissional de renome. A vantagem era "o saber". Esse o diferencial que colocava qualquer um no mercado de trabalho.
          
                Assusta-me sobremaneira tomar conhecimento que em um dos últimos exames da OAB houve mais de 90% de reprovação na prova de português. Que tipo de profissionais estamos enviando ao mercado de trabalho? E se não houvesse o exame da OAB como aferir a proficiência desses futuros advogados?
           
               Não se sabe bem quando foi que o ensino passou a ser deturpado.  O saber perdeu o valor. O importante agora é "ter diploma". Pipocam faculdades por todos os cantos, o resultado é que temos uma grande quantidade de pessoas com curso universitário concluído, cheias de diplomas e vazias de conteúdo.
           
               Em minha modesta opinião o pior é haverem separado os olhos do raciocínio. As pessoas leem sem conseguir entender o que estão lendo, apenas pronunciam mecanicamente palavra após palavra, leem, não entendem, não interpretam e não sabem aplicar. É algo quase que automático e como não absorvem o que leem, também não conseguem ordenar os pensamentos para colocá-los no papel.  Isso sem falar na ortografia, concordância ou sintaxe. Levaram as gramáticas e dicionários para alimentar as fogueiras da ignorância.
           
               A internet passou a ser praticamente o único meio de comunicação na atualidade e ler certas mensagem é um verdadeiro exercício de guerra do qual  muitas  vezes saímos derrotados. São tantos os erros de ortografia e concordância que os textos acabam ficando sem sentido. Logicamente não se exige um português escorreito em um mural de rede social, mas ao deparar com a  troca de  "ç" por "ss", "j" por "g" "x" por "ch" e outros erros do mesmo naipe, só me ocorre chamar de assassinato da Língua Pátria...
             
                Indago agora, como podem tais personagens ser aprovados na OAB ou em um concurso público? E, no caso de, por um átimo de sorte serem aprovados, que espécie de profissionais teremos ocupando cargos de responsabilidade e remunerados com nossos suados impostos?

                              Ana Odette Danin / Walmir Martins de Lima
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