sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O ELEITOR É IGNORANTE OU DESINTERESSADO?





Fico estarrecida ao perceber que passados tantos anos  o povo brasileiro ainda não percebeu a verdadeira importância das eleições, sejam elas majoritárias ou proporcionais.

Falam, esbravejam, gritam, compartilham opiniões,  caricaturas, notícias requentadas e fora do contexto. Tomam partido de um e outro candidato, mas no fundo estão é à espera de um “Salvador da Pátria”.

Não procuram tomar conhecimento da filosofia dos partidos e nem se aprofundam em um aspecto que considero vital : A governabilidade do País.

As campanhas, sempre de baixo nível, se resumem a uma grotesca troca de acusações. Os candidatos ao executivo prometem mundos e fundos, não sem antes exaustivamente criticar seus antecessores, se esquecem apenas de demonstrar claramente como cumprirão suas promessas. E o eleitor,  nem sempre precavido compra o embuste e torna-se cabo eleitoral .

Por acaso estaremos elegendo ditadores? Há ainda um certo ranço da época dos militares no poder a toldar nossa visão?

Somos governados por três poderes, mas teimamos em reconhecer o Executivo como soberano, deixando em segundo plano o Legislativo.
E é aí que está o âmago da questão. Sem a concordância do legislativo, o executivo não governa e não importa que os propósitos sejam ou não benéficos à população, sempre haverá negociata.
É o toma lá, dá cá, que torna ingovernável esse País. Nada sai do papel, reforma tributária, reforma da previdência, reforma política e por aí afora.

E todos correm pressurosos a eleger um novo ocupante para o executivo, na esperança que esse sim, conseguirá cumprir toda as metas. Como? Trará consigo uma varinha de condão? Com um toque de magia nossos congressistas deixarão falar mais alto o patriotismo em detrimento de seus bolsos?

Estarão nossos eleitores preocupados com seus representantes no poder Legislativo? Não deveriam se reunir em grupos estudar as propostas de cada um, bem como a capacidade de exercer a função com dignidade, seriedade e honestidade, para só então decidir seu voto.

O Presidente, por mais bem intencionado que seja, jamais governará sozinho.
É no legislativo que nascem e se aprimoram as leis e para tal é necessário dedicação total. Não deveriam os senhores legisladores obedecer a uma carga horária de 40 horas semanais, como nós pobres mortais? Só deveria se candidatar aquele que se dispusesse a cumprir com o princípio da dedicação exclusiva.

O dia da escolha se aproxima, talvez fosse mais produtivo calar um pouco o “Fora” e se concentrar em escolher representantes dignos para substituir os que sairão.

Quando elegemos alguém, passamos uma procuração para que possa bem gerir os interesses da Nação e como tal devem prestar contas de suas obrigações cumpridas a tempo e a hora.

Eleição não é brincadeira de faz de conta, é coisa séria.  Não se trata de eleger uma pessoa e sim mais de quinhentas. Pior, essas tantas trarão atrás de si outras centenas, que ocuparão cargos de confiança, já existentes ou que serão criados para saldar os compromissos de campanha. Tudo pago com nossos impostos.

Como esperar que o País cresça  se não há dinheiro para educação? Numa inversão de valores indigna gasta-se  absurdamente para sustentar a pesada máquina legislativa e toda corrupção que ela arrasta consigo.

Escolher representantes dignos para ocupar nossa Casa de Leis deveria ser prioridade do eleitor, no entanto ele permanece indiferente.

É preciso ter coragem para mudar um país, ter visão de lince, saber afastar o véu  que teimam em colocar sobre nossos olhos,  desviando nossa atenção do que realmente interessa.

Encerro citando Bertold Brecht :


" O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."


                                                                               
                                                                        Ana Odette Danin





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