segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O marco civil da Internet





Cada país tem a internet que merece!


É exatamente isso, não se pode oferecer o que não se possui. Somos um povo que não preza a cultura, não dá valor às raízes, não cultiva o respeito aos semelhantes e quer sempre levar vantagem em tudo. Prega uma coisa, mas não se importa de burlar as próprias regras se lhe for conveniente no momento.

Não nos preocupamos em estudar a língua pátria, sabidamente uma das mais ricas, mas abarrotamos as salas de aula das escolas de idiomas. Leituras? Ah, ler é coisa do passado, não podemos perder tempo,  é o que ouvimos da maioria dos jovens.  A pressa se tornou a parceira inseparável, as palavras perdem as vogais, as frases o sentido, a vida o objetivo.

Nossas redes sociais refletem exatamente o que ocorre em nossas casas, escolas e roda de amigos...

Há um grande desvirtuamento  dos objetivos das redes. Grande parte de nossa juventude está carente de propósitos, mas como costumo dizer, a culpa não é deles. A culpa é dos adultos que os orientaram. 

O que há hoje nas redes sociais é pura e simplesmente o resultado da educação falha e irresponsável que lhes proporcionaram seus pais. O fruto nunca cai longe da árvore e por essa razão sempre me recuso a colocar sobre os ombros dos jovens toda a culpa por essa falta de interesse pelo seu próprio destino. Sempre encontraram tudo pronto, nunca faltou quem lhes servisse e desconhecem a palavra respeito.

Não pertencem àquela geração que lutou para conquistar direitos, quebrou barreiras e tabus e segue desbravando o desconhecido, ansiando por novos conhecimentos a cada dia. Uma geração que se sente responsável por seu destino e teme entregá-lo a qualquer um.E que também se deslumbra com a rapidez e facilidade de comunicação que o mundo virtual trouxe.

Por outro lado sinto que nem tudo está perdido, pois há aquela parcela de jovens antenados e  interessados  nos destinos da Nação e que receberam no lar orientação de pais responsáveis.

E em meio a todo esse frenesi surge o Marco Civil da Internet, que parece não tem preocupado muito os usuários do sistema.

Os internautas brasileiros gozam de ampla liberdade no uso das redes sociais e  desconhecem que em diversos países o acesso a esse meio de comunicação é intensamente vigiado e muita coisa é proibida. Na China, Irã, Cuba , os mais radicais, milhares de pessoas trabalham para o governo controlando os conteúdos e censurando. Incontável o número de informações que são sonegadas ao povo. É o controle do poder sobre a opinião, sobre a informação. É a censura!

Um exemplo da importância das redes sociais  são os fatos recentes ligados à página  Diário de Classe, protagonizado por uma estudante em Santa Catarina. O seu protesto contra o desmazelo do governo com a sua escola rendeu providências, trouxe lhe alguma dor de cabeça, mas nos mostrou o quanto é poderoso esse meio de comunicação.

Na recente campanha presidencial nos EUA, mostrou também a força que tem a comunicação instantânea entre milhões de pessoas.

O PL  2126/2011, é fruto da ampla consulta e participação da população brasileira e está sendo denominada a "Constituição da Internet".  O objetivo inicial era a democratização do uso da internet e o Brasil surgiu como um dos países pioneiros com essa proposta. 

O projeto porém, tem esbarrado em dificuldades para votação na Câmara dos Deputados, com os lobby das associações de direitos autorais e das empresas operadoras que querem transformar o acesso à internet em espécie de TV a cabo e ameaçam com um grande reajuste de preço caso não sejam atendidas.

No meu entender um dos tópicos mais importantes é:
"O Marco Civil define responsabilidades e deveres de provedores e usuários de internet. A principal divergência que impede a votação está relacionada a artigo que trata da neutralidade da rede. Por esse princípio, os provedores tratariam da mesma forma todos os pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, serviço, origem ou aplicativo.A proposta do relator proíbe que os provedores operem com velocidade variável para cada site. O objetivo é evitar que as empresas de internet passem a cobrar tarifas adicionais dos geradores de conteúdo para garantir a velocidade na transmissão dos dados."
É a garantia da democratização da internet, mas com tanta pressão de poderosos, que afinal são quem financiam as campanhas dos nobres deputados, fatalmente o Projeto de Lei, que nasceu como vontade soberana do povo, será desvirtuado e o ônus recairá sobre nós os usuários.
O jogo  de interesses impediu o acordo de líderes no Congresso essa semana para a definitiva votação.Fiquemos atentos!
Não seria esse o momento de uma mobilização para defesa dos direitos dos internautas?  

Poderíamos por alguns instantes nos calarmos ante os assuntos banais tais como:" hoje vou provar comidinha da mamy;  ou  Ufa! que dor nos quartos, estou precisando de folga; ou Oi gente!  comprei um sapato vermelho custou os olhos da cara: ou  Estou pedindo ajuda para ir ao Japão torcer pelo Corinthians”.

 
Não creio que seja pedir muito lutar por objetivos que se não alcançados muito interferirão em nossa liberdade de expressão. Tenhamos em mente que prevenir é muito melhor do que remediar.


                                                                     Walmir Martins de Lima / Ana Odette Danin


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