quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A LEI DE GERSON : “O negócio é levar vantagem”.


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Estará o povo brasileiro preparado para votar e decidir o destino de seu País?

Um episódio na semana passada me fez lembrar daquela estória dos vinte centavos, do povo nas ruas e do gigante que havia acordado e depois adormeceu novamente.

Em um supermercado, que nem costumo frequentar, o que não vem ao caso, pois poderia ter se passado em qualquer um, presenciei uma cena que me fez refletir sobre a maturidade política do povo brasileiro.

Um consumidor escolheu um queijo no balcão de frios, que já estava etiquetado com o preço, dirigiu-se ao açougue e solicitou ao atendente que confirmasse a pesagem, no que foi gentilmente atendido.  A nova etiqueta estampava preço cerca de 7% inferior ao que antes estava afixado. A diferença em valor monetário era de R$ 1,14.



Procedimento correto e que poderia ter passado despercebido, não fossem as críticas e reclamações provenientes da fila onde o consumidor ficara.

Pessoas comuns como aquelas mesmas  que saíram às ruas clamando por ética, justiça e honestidade debochavam de mim por estar “atrapalhando” fila por apenas 1,00. Pior, uma disse, sou pobre mas não fico fazendo conta de 1,00.

Cheguei a abrir a boca para explicar o que são direitos, mas preferi me calar, era hora do almoço, estava cansada e vi que não chegaria a lugar nenhum, apenas me decepcionaria mais uma vez com meus conterrâneos. Sem conseguir me conformar, porém, pedi à pessoa que havia feito a compra que me permitisse  fotografar as etiquetas, pois pretendia escrever sobre o fato.

Ora, como não foi por vinte centavos, não foi por um real, mas como fazer as pessoas entenderem que o importante não é o valor e sim a conscientização de que todos temos direitos que devem ser respeitados?

Parece que trazemos a alma presa a um sentimento de inferioridade e subserviência, quiçá resquícios do período colonial, quando os “senhores” humilhavam, pisavam, extorquiam e depois distribuíam migalhas a fim de aliviar suas consciências. Instrução e cultura não faziam parte do currículo dos colonizados, que com visão deturpada e reduzida, sonhavam apenas em um dia se tornarem também senhores e por sua vez subjugarem outros, enterrando o passado de privações e ostentando o que nunca foram.

A pobreza material não é humilhante e nem vergonhosa, no entanto a ignorância de obrigações e direitos é fatal e pode levar um povo ao desastre.  É uma questão de cidadania fazer valer direitos humanos e constitucionais. Onde a vergonha então? E se temos vergonha de reclamar direitos tão simples como uma pesagem correta, como iremos escolher políticos éticos para nos representar no comando do País?

Como qualquer povo colonizado, que não teve e ainda não tem coragem de lutar, que prefere viver de benesses e caridade mal intencionadas, que não entende que aceitar suborno é tão humilhante quanto “levar vantagem” e que a desonestidade começa em pequenos atos e cresce até se transformar no monstro devorador que hoje vemos tomar conta de nosso País. Se não nos transformarmos em pais e educadores honestos e conscientizarmos as crianças e os jovens de seus direitos e obrigações,  jamais poderemos transformar o Brasil.

Falar é muito fácil, qualquer um pode lançar mão de um megafone e gritar em praça pública arrebanhando multidões que, de olhos vendados seguem em busca de uma vida melhor, sem no entanto entender que não têm raízes e são lançadas de um lado a outro, manipulados pelos mal intencionados.

Até hoje grande parte dos políticos age assim, é esse o País que queremos no futuro? Conhecer e lutar por direitos, mesmo que vinte centavos, é dar o pontapé inicial.

Quem compartilha mais amiúde de meu dia a dia já sabe que sou radical em questão de direitos, não lanço mão de nada que não me pertença, mas também não admito ser espoliada seja por mal intencionados ou mesmo pessoas displicentes que não cuidam do controle da qualidade de seus serviços.

Em minha ingênua  concepção imaginava que nós, o povo brasileiro,  deveríamos nos unir contra os desonestos, os gananciosos que querem levar vantagem em tudo, enfim levantar a bandeira da ética.

Eis a razão de minha crescente decepção, além de lutar contra a "banda podre" ainda temos de conscientizar os outros que exigir direitos  é uma questão de cidadania e não motivo de humilhação e vergonha.

Quando estaremos prontos para assumirmos nosso lugar no primeiro mundo? Quando abandonaremos essa pecha de inferioridade que nos leva  a considerar tarefas, pessoas e atitudes como "pobreza"? Essa deve ser uma revolução cultural e simplesmente gritar a esmo não fará de nós uma Nação.

Talvez por isso o gigante tenha voltado a dormir, percebeu que não valia a pena lutar por quem não tem ideais ou princípios de cidadania.

                                                        Ana Odette Danin
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Um comentário:

  1. Só depende de nós, mas é difícil demais mudar a cabeça e o caráter das pessoas...

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